A Lua é totalmente diferente de qualquer outra coisa no Sistema Solar. Então, como nosso planeta acabou com um satélite tão especial? A resposta mais surpreendente é que a Lua é, de certo modo, um pedaço da Terra. Há muita coisa acontecendo com a Lua. Para começar, o simples fato de ela existir já é […]
A Lua é totalmente diferente de qualquer outra coisa no Sistema Solar. Então, como nosso planeta acabou com um satélite tão especial? A resposta mais surpreendente é que a Lua é, de certo modo, um pedaço da Terra.
Há muita coisa acontecendo com a Lua. Para começar, o simples fato de ela existir já é estranho por si só. Mercúrio não tem luas, e Vênus também não. Marte até tem duas, mas elas são basicamente asteroides capturados. A Terra é o único planeta rochoso do Sistema Solar com uma lua de tamanho significativo.
E a Lua realmente é significativa: ela tem cerca de 1,2% da massa da Terra. Pode não parecer muito em termos absolutos, mas, comparado às outras luas do Sistema Solar, isso é enorme. Nenhuma outra lua é tão grande em relação ao planeta que orbita.
As esquisitices não param aí. A soma do momento angular da rotação da Terra, da rotação da Lua e de sua órbita é muito grande — bem maior que a de qualquer outro planeta terrestre. Então, como acabamos com tanto momento angular?
Além disso, a Lua é cheia de “KREEPs”, sigla em inglês para potássio (K), elementos terras-raras (REE) e fósforo (P). Normalmente, esses elementos não “andam juntos”, mas amostras lunares mostram que eles costumam estar misturados. Isso exige que a Lua tenha estado em estado líquido em algum momento, algo que requer muita energia.
E o toque final é que a Lua tem abundâncias de isótopos estáveis muito parecidas com as da Terra, o que indica que ambas se formaram a partir do mesmo aglomerado de material.
A principal explicação para esses mistérios é a chamada “hipótese do grande impacto”. De acordo com essa teoria, quando o Sistema Solar ainda estava em formação, um protoplaneta do tamanho de Marte, chamado Theia, colidiu com a proto-Terra.
Com uma velocidade de impacto em torno de 32.000 km/h — que, em termos de colisões cósmicas, é relativamente baixa — o que aconteceu em seguida foi catastrófico.
O núcleo pesado de Theia afundou profundamente em nosso planeta, ampliando o núcleo terrestre. Os mantos dos dois corpos se misturaram, deixando a Terra maior, e as crostas se espalharam pelo espaço.
O passo seguinte é um pouco complicado e depende muito de como ocorreu exatamente a colisão e da composição de Theia. Mas, em linhas gerais, parte do material foi arremessada para longe e nunca mais voltou; outra parte “choveu” de volta à superfície terrestre; e um grande bloco permaneceu em órbita.
Em poucas horas — ou até em um período que pode chegar a um século ou mais — esse material se uniu e formou um objeto sólido próprio: a Lua.
Alguns modelos sugerem que uma segunda Lua, com apenas algumas centenas de quilômetros de diâmetro, surgiu além do lado afastado da Lua e, aos poucos, se aproximou até se “espalmar” na superfície. Isso explicaria por que o lado oculto da Lua é mais acidentado do que o lado voltado para a Terra.
Também existe a ideia de que o choque não foi nada “suave” ou de baixa energia — pode ter sido que a proto-Terra estivesse girando muito rápido e, então, recebeu um impacto fortíssimo de Theia.
Isso teria fornecido energia mais que suficiente para vaporizar praticamente tudo, criando um anel de plasma em formato de “rosquinha”, conhecido como sinestia.
De uma forma ou de outra, esse impacto liberou energia de sobra — o bastante para transformar a Lua em uma bola de magma, para juntar os elementos KREEP e misturar o material original da Terra com o de Theia, criando características comuns entre a crosta terrestre e a lua.
Como acontece com qualquer hipótese, esta não é perfeita. Por exemplo, se houve energia bastante para liquefazer a Lua, também teria para derreter a superfície terrestre. Mas não temos evidências de mares de magma em grande escala na história da Terra.
Além disso, a Lua tem alguns elementos voláteis, como água, retidos em suas rochas — mas um impacto gigantesco, com enorme liberação de energia, deveria ter eliminado tudo isso.
Ainda assim, a hipótese do grande impacto é a explicação mais convincente de como a Lua se formou. E, sem uma máquina do tempo para voltarmos ao passado distante, nunca conseguiremos ter plena certeza.
Mas, até o momento, ela se encaixa na maior parte das evidências que possuímos — por isso, continua sendo uma teoria bastante aceita.
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