O Skype já foi pioneiro em chamadas pela internet, mas a Microsoft praticamente o matou há 10 anos.
O que aconteceu com o Skype? O app foi a maior aquisição da história da Microsoft em 2011, negociada pelo ex-CEO Steve Ballmer, em uma tentativa da empresa competir com a ascensão do iPhone.
Após gastar US$ 8,5 bilhões no Skype, porém, a Microsoft falhou repetidamente ao longo dos últimos 14 anos, a ponto de o Skype se tornar irrelevante durante a pandemia global, período em que todos optaram pelo Zoom e Meet.
Atualmente, o Skype é visto como uma relíquia esquecida da era anterior ao domínio dos celulares por Google e Apple, e agora será oficialmente encerrado pela Microsoft, assim como outras tentativas frustradas da empresa na área móvel, como o Windows Phone. Mas nem sempre foi assim.
No início de 2012, alguns meses após a compra pela Microsoft, a IGN visitou os escritórios do Skype em Estocolmo, onde os engenheiros tinham acabado de se instalar.
O Skype havia acabado de atingir 41 milhões de usuários simultâneos, superando até mesmo o recorde recente do Steam. Na época, o Skype era tão popular que as placas com seu logotipo eram frequentemente roubadas da frente do prédio, fazendo com que a empresa simplesmente parasse de substituí-las.
Dentro do escritório, os jornalistas conheceram os empolgados engenheiros e preocupados com a aquisição pela Microsoft, mas tranquilizados por uma visita de Ballmer, que prometeu investir na equipe e dobrar o número de funcionários, de 100 para 200 até o fim de 2012.
Embora o investimento tenha ocorrido, o escritório de Estocolmo acabou fechado cinco anos depois, após uma reorganização das equipes.
O que mais chamou a atenção foi o quanto o escritório do Skype era diferente de um típico escritório da Microsoft: sem dress code formal, paredes com painéis acústicos especiais e reuniões feitas através do próprio Skype.
Alguns funcionários confidenciaram que estavam com dificuldade em se adaptar ao uso intenso de e-mails das equipes da Microsoft. Esse foi um sinal inicial de que integrar o Skype à cultura da Microsoft seria bem mais complicado do que apenas atualizar um software.
Nos primeiros anos sob a Microsoft, a equipe do Skype focou em desenvolver uma versão do aplicativo adaptada ao Windows 8, otimizada para telas sensíveis ao toque.
Rick Osterloh, ex-chefe de produtos e design do Skype, disse durante uma visita em 2012 que “o Windows 8 é uma grande prioridade para nós”.
Osterloh, hoje líder da divisão de dispositivos do Google, deixou o Skype poucos meses depois, retornando para a Motorola Mobility. O Skype lançou um aplicativo para Windows 8 no mesmo ano da saída de Osterloh, com grandes mudanças internas para prepará-lo para um futuro móvel.
À medida que o Skype focava cada vez mais no mercado móvel, começaram a surgir problemas em sua infraestrutura antiga, baseada em conexões ponto a ponto (peer-to-peer). Em 2012, a Microsoft migrou usuários do Skype para a plataforma Messenger (antes usada no MSN Messenger), buscando melhorar mensagens e chamadas em múltiplos dispositivos.
Essa transição durou anos e gerou diversos problemas, como chamadas e notificações duplicadas. Houve inúmeros redesigns do app e dificuldades básicas com chamadas e mensagens. Em 2016, escrevi que “a Microsoft precisava consertar o Skype” após anos sofrendo com falhas no serviço.
A empresa estava ocupada demais adicionando emojis e tentando competir com WhatsApp, FaceTime, Snapchat e Facebook Messenger, esquecendo-se de melhorar o básico do Skype. Em 2016, as pessoas usavam o Skype por falta de alternativas melhores e pela ubiquidade da ferramenta.
Em vez de resolver os problemas fundamentais, a Microsoft lançou em 2017 um redesenho radical do Skype que não agradou aos usuários. A interface lembrava mais o Snapchat do que o Skype original.
Em 2018, a empresa voltou atrás, mas já era tarde demais. WhatsApp, Messenger, FaceTime, WeChat, Line e Telegram já tinham dominado o mercado, oferecendo chamadas de vídeo simples e mensagens confiáveis.
Neste mesmo ano, jornalistas analisaram que seria difícil para a Microsoft reconquistar a confiança dos usuários diante de tantas alternativas melhores, o que de fato aconteceu. O fracasso do Skype abriu caminho para o Zoom explodir em popularidade no início da pandemia de covid-19, em 2020, graças à facilidade e confiabilidade.
Como resposta, a Microsoft rapidamente direcionou seu foco para o Teams, lançando uma versão pessoal em meados de 2020. É o Teams que substituirá oficialmente o Skype em maio deste ano. Diferentemente dos concorrentes, o Teams é voltado para usuários que buscam mais do que simples mensagens, focando em atividades em grupo com amigos ou familiares.
Já não existe uma divisão dedicada ao Skype na Microsoft há algum tempo. A equipe restante foi integrada ao Teams, focando em futuras funcionalidades desse aplicativo.
Apesar dos tropeços com o Skype, essa aquisição foi crucial para o nascimento do Teams em 2016, ajudando na transição do software corporativo Lync para o Skype for Business e, finalmente, para o Teams.
Jeff Teper, presidente da Microsoft 365, afirmou recentemente ao The Verge que muito do aprendizado e código do Skype foi aproveitado no Teams, especialmente na infraestrutura de chamadas e mensagens. Embora a quantidade de código compartilhado hoje seja mínima, a evolução tecnológica foi significativa.
Resta ver como o Teams se sairá junto aos consumidores comuns. Apesar dos 320 milhões de usuários mensais, a maioria são corporativos, e o aplicativo ainda é um pouco complicado para uso pessoal.
Por exemplo, nenhum dos meus amigos ou familiares usa o Teams fora do trabalho, e talvez a Microsoft esteja satisfeita com esse mercado reduzido.
Afinal, o aprendizado inicial com o Skype ajudou a Microsoft a criar uma plataforma de comunicação essencial para tornar suas assinaturas pagas do Microsoft 365 ainda mais atraentes.
O MSN Messenger e o Skype pavimentaram o caminho para o Teams, mas considerando as queixas frequentes sobre o aplicativo hoje, não sei se a Microsoft realmente superou os problemas enfrentados pelo Skype há 10 anos. Ainda encontro dificuldades para acessar reuniões no Teams devido à confusão entre contas pessoais e corporativas.
Em comparação com o Slack, o chat do Teams ainda é básico, embora melhorias estejam sendo planejadas. O Teams precisa evoluir rapidamente para evitar repetir os erros cometidos com o Skype.
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